Cadeira n° 35 - Glauco Mattoso
Patrono - António Lobo de Carvalho
Glauco Mattoso é paulistano de 1951. Nos anos 1970 editou o poezine JORNAL DOBRABIL e destacou-se entre os poetas "marginais". Compôs mais de dez mil poemas ou de sete mil sonetos e assinou mais de cem livros de poesia, três romances (um deles em verso), três volumes de
contos, além de crônicas, ensaios, um tratado de versificação e um dicionário ortográfico, este sistematizando sua reação estética às
reformas cacofonéticas sofridas pelo português escrito. Mattoso perdeu a visão nos anos 1990 devido a um glaucoma congênito que lhe
ensejou o pseudônimo literário. Sua produção mais volumosa ocorre após a cegueira, graças a um computador falante.
Nota (Janete Sales): a palavra "poezine" é um neologismo que funde "poesia + fanzine". Fanzine é um tipo de publicação amadora e artesanal muito utilizada no fim dos anos 1970 e nos anos 1980 por artistas (quadrinistas, poetas, músicos etc) para divulgar suas produções. Essas publicações, editadas com cola, papel e tesoura e, depois de prontas, geralmente xerocadas, eram enviadas pelo correio. Não havia uma rede de distribuição estruturada com pontos de venda. A pessoa editava seu fanzine, botava dentro do envelope e remetia para alguém que ele possuía do endereço de correspondência. Foi com uma dessas cartas contendo o "poezine" JORNAL DOBRABIL que, entre outros, Caetano Veloso ficou conhecendo o trabalho de Glauco Mattoso e, anos depois, resolveu homenageá-lo na canção Língua, que foi incluída no LP Velô, lançado em 1984.